Almir Nahas

Os Muitos Nascimentos

Os muitos nascimentos

Por Almir J. Nahas (*)

 

Falando de gente. Desde a concepção, a vida se abriga num lugar maravilhoso, perfeito, onde nada falta e nada sobra. Se tudo transcorre normalmente, esse período de vida antes da vida é rico em experiências sensoriais, pleno de explorações e marcado por um grande crescimento. E esta é a primeira prova de que nada dura para sempre e que o movimento natural da vida é na direção do crescimento, da abundância, do êxito.

Se fosse para durar pra sempre, esse momento perfeito da vida não terminaria com um desconforto insuportável, a ponto de, mesmo com dor e grandes esforços, é preciso partir. O que antes foi o Paraíso, a partir de poucos meses já não pode mais abrigar a vida.

Quem quer que olhe para trás, com a devida atenção, poderá encontrar diversas repetições desse mesmo ciclo: acolhimento, conforto total, crescimento e despedida. Quando você dividia seu quarto com sua irmã, durante longos anos, deve se lembrar que a partir de um certo momento, isso não era mais a melhor escolha, nem para ela nem para você. Foi bom, mas acabou aquele tempo.

Na escola é assim, temos algumas experiências memoráveis, muito marcantes, mas que tiveram que acabar e deixaram suas marcas em nossa jornada.

Nascer e morrer não é algo estranho a nós. Acontece diversas vezes, em momentos, ambientes, ciclos e aspectos distintos de nossa vida. E na fase adulta isso não para. Quantas pessoas se apegam a algo que já morreu – sua relação com um emprego ou profissão, por exemplo – não porque sentem a vida pulsando e impulsionando para o crescimento, a prosperidade, a plenitude. Mas apenas para conservar, reter, manter algo como está, como se isso fosse, na alma, possível.

Reconhecer e honrar o passado é a melhor maneira de estar totalmente voltado para o presente e o que ele desenha para nós em relação ao que vem. Quando as experiências passadas são devidamente valorizadas, vemos seu valor para nos preparar para mais, para além, para o novo.

As Constelações Familiares me ajudam, há mais de 15 anos, a olhar para a frente e nascer quando for a hora, sem com isso negar o conforto da vida intrauterina, ou a riqueza do contexto em que antes eu cabia, mas que passou.

Deixe um comentário

Rolar para cima