Por Almir Nahas(*)
Sem qualquer compromisso com crenças religiosas ou códigos morais, as Constelações Familiares nasceram da observação. A partir dos estudos de inúmeros casos, Bert Hellinger identificou o que chamou de Ordens do Amor. São forças que atuam nos sistemas familiares e que, quando respeitadas, permitem que a vida flua com êxito, abundância e leveza.
Uma observação essencial é bem simples: a vida, como um rio, corre para a frente e flui do mais alto para o mais baixo, do maior para o menor. As sucessivas gerações passam a vida adiante para os menores, que por sua vez serão maiores diante da próxima geração.
Essa ordem simples e essencial define com clareza que, independente da idade dos pais e dos filhos, os mais velhos sempre serão os maiores. Pois a vida veio através deles, e nada que os filhos façam pelos pais poderá torná-los maiores ou sequer iguais perante eles.
Ao reconhecer e humildemente se submeter a esta ordem natural, um filho pode abrir mão de tentar aliviar as dores de sua mãe, de carregar algum peso por ela, ou de tentar salvá-la de seu destino. Um filho faz isso por amor, por saber em seu íntimo de sua enorme dívida em relação à sua mãe. Mas essa postura apenas sobrecarrega o filho e é inútil: somente a própria mãe pode arcar com seu destino, suportar suas dores e carregar o peso que lhe cabe.
O que nos revelam as Constelações é que o reconhecimento pelas dificuldades dos pais é legítimo, e reforça a nossa gratidão. Nos faz ver que o que eles fizeram por nós foi o máximo que poderiam ter feito.
A melhor maneira de retribuir seu grande esforço para levar a vida adiante é reconhecer genuinamente seu esforço e servir a vida da melhor maneira possível, como uma retribuição ao muito que recebemos da vida.
Mesmo pais idosos de filhos adultos são maiores, e mesmo que precisem de apoio e cuidados, se um filho puder cuidar e fizer isso mantendo-se no lugar de filho, fará sua tarefa com mais leveza e preservará a dignidade dos pais.
Receber TUDO o que os pais nos deram é a melhor forma de honrar seu trabalho e sua existência. E passar adiante é o que nos faz sentir quites com o esforço deles, porque assim como eles, damos o nosso melhor para que nossos filhos, nossos projetos e nossa presença seja totalmente dedicada a melhorar a vida que recebemos e a vida daqueles que vem depois de nós, rio abaixo.
(*) Almir Nahas é consultor, palestrante, terapeuta e instrutor de Constelações